Um Conto de Aruanda
Nos tempos de escravatura, nego veio senta sob o véu da estrela Dalva,
Era sempre a que brilhava mais.
Enchia os olhos do negro de água, a cada lágrima
que rolava na face do negro seu coração transbordava de amor e felicidade.
Estarrecido com o brilho da estrela o preto não
prestava atenção em nada.
Então percebeu que uma pequena mãozinha puxava-lhe
o pano que vestia seu corpo.
O pai velho baixou os olhos e era o rebento de
Cristo, era Doum que lhe perguntava:
- Meu pai está chorando de tristeza por conta do
cativeiro
- Não Doum é choro de alegria!
Mas Doum não conseguia compreender como alguém
poderia chorar de alegria.
Então, o preto pegou o dedinho de Doum e levou a
sua face ao encontro da lágrima, pedindo a Doum que experimentasse o sabor de
sua lágrima
Doum notou que a lágrima tinha gotas que não eram
salgadas, as lágrimas eram doces. Doum começou a dar risadinhas e com seus
olhos luminosos quis saber como o preto tinha transformado as lagrimas salgadas
em doces. E o preto com sua ternura lhe responderam:
- Olhe para o céu Doum, e diga o que vê
- Vejo que o céu ilumina o cativeiro meu pai
- Este céu estrelado Doum, é o véu da grande mãe,
que aquece os filhos ao adormecerem.
A estrela que mais brilha no céu, é a estrela
Dalva ela vela pelo grande cativeiro planetário, orienta as nossas noites para
que tenhamos sempre a vista à luz para depositarmos nossa fé.
O preto velho olha para Doum e percebe que ele
estava chorando e diz:
- Ta chorando cangarequinho
-To sim preto, só que as minhas lágrimas são
doces.
Pois estou feliz, antes não tinha mãe para me
cobrir,
Minha mãe morreu quando nasci, mas agora, já posso
ir descansado dormir porque tenho este manto estrelado.
Luana PortoSilveira
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